A Busca Pela Técnica Perfeita
Por que ficamos obcecados com a técnica ao iniciar uma carreira criativa?
É interessante a facilidade com que pessoas como a gente que trabalha com a criatividade, arte e afins tendemos a ser seduzidos pela técnica, quando começamos em uma indústria que é nova para nós. E como às vezes acreditamos que encontrar essa técnica, ou essa ferramenta perfeita, por si só, nos tornará bem-sucedidos.
É um padrão que tenho notado comigo mesmo no início – e algumas vezes ainda caio nisto –, e depois notei que muitas pessoas criativas, quando estão começando, tendem a se concentrar nas coisas que você vê na superfície do trabalho de alguém. E acabam colocando a maior parte de sua energia nisso.
Por exemplo, já teve algumas pessoas que me perguntaram qual software eu uso para desenhar digitalmente, ou que tipos de pincéis eu uso – porque eles gostaram do meu estilo. E isso é ótimo, esse tipo de feedback nos dá ânimo a continuar, mas quase ninguém pergunta sobre os conceitos dos quais eu usei, ou porque eu decidi seguir um caminho ou outro naquela criação. A maioria não vê isso. E eu também costumava acreditar que a paleta de cores e a técnica de desenho é o que define seu estilo e as vezes até pode ser, mas não é um padrão, e demorei muito para superar essa ideia e começar a fazer minhas próprias coisas, e eu ainda estou aprendendo sobre isso, focando no que está por baixo de tudo isso.
Eu também conheço jovens cineastas que acreditam que somente certas técnicas de filmagem ou somente com certas ferramentas de edição ou câmeras de alto desempenho os ajudarão a alcançar um estilo reconhecível – e, portanto, tornarão seu trabalho bem-sucedido. Mas o que eles não veem é que uma história poderosa pode superar as limitações da tecnologia, se contada corretamente. E as chances são de que um curta-metragem com uma boa história, mas uma técnica mais limitada será mais apreciado do que um que respeite todas as regras, seja filmado em 4k e perfeitamente editado em certo tipo de software, mas sem nenhum significado ou emoção. Porque é sobre o que está por baixo de tudo isso do que só o que está na superfície. Ou sobre quais são as bagagens de tal artista carrega para ele ser como é, ou produzir como produz. Acho que nem tudo é sobre o fim, mas também sobre o processo.
É muito possível que toda essa pesquisa contínua pela técnica perfeita esteja apenas procrastinando, porque temos medo de começar a experimentar e descobrir o quão bons realmente somos em alguma coisa. Depois que eu percebi que uma boa parte da minha procrastinação criativa era culpa da busca pela técnica perfeita, eu comecei a tentar traçar outro caminho criativo.
O que você acha? Você também já passou por isso? Deixe-me um comentário e fale mais sobre isso!